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Desastres Naturais no Rio de Janeiro: análise e quantificação dos riscos enfrentados

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Eventos Extremos, como movimentos de massa, inundações, terremotos, ciclone, tornados, tempestades e secas, matam milhares de pessoas e causam prejuízos de bilhões de dólares a cada ano no mundo. Os prejuízos somados, desde o ano de 1980 até os dias de hoje, giram em torno de 2,4 trilhões de dólares e o número de óbitos chega a 1,74 milhões de pessoas. Os relatórios de Munich Re (2024) e Swiss Re (2023) apresentam dados que demonstram que os desastres de origem meteorológica são responsáveis pela maioria das perdas econômicas anuais relacionadas a desastres naturais, enquanto os eventos de origem geofísica causam 50% do total de mortes. A título de exemplo, um tsunami no Oceano Índico, em 2004, matou mais de 220 mil pessoas em todos os continentes (exceto Antártica e Europa). Somente em 2016, os eventos extremos foram responsáveis por mais de 11 mil mortes e por cerca de US$ 166 bilhões em perdas econômicas. No Brasil, diferentes ameaças naturais desencadeadas por eventos extremos, como chuvas torrenciais, impactam a economia, a infraestrutura e a vida de milhares de pessoas. De acordo com ONU (2015), o Brasil está entre os 10 países do mundo com maior número de pessoas afetadas por desastres naturais. Analisando o Atlas Digital de Desastres no Brasil (Brasil, 2023), que é a base de dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres – S2ID (https://s2id.mi.gov.br/), observamos que no período entre 1991 e 2022 foram registrados mais de 62 mil eventos que causaram perdas e danos humanos e financeiros no Brasil. Em decorrência destes eventos, foram registradas 4.728 mortes e mais de 500 bilhões de reais em prejuízos.

O Estado do Rio de Janeiro ocupa um lugar de destaque nessas estatísticas, principalmente pelos grandes acidentes que ocorreram nos últimos anos.  Segundo os dados oficiais da Secretaria Nacional de Defesa Civil, no período entre 1991 e 2022, foram registradas 1.531 mortes e mais de 8 bilhões de prejuízos totais no Estado do Rio de Janeiro. Porém estes números devem estar errados. Artigos, relatórios técnicos e outros trabalhos publicados pelo proponente (listados em uma sessão específica desta proposta) provam isto e mostram que apenas entre 2010 e 2012, quatro grandes catástrofes ocorreram no Estado do Rio de Janeiro matando mais de mil pessoas: 1. Angra dos Reis (em 2010, 53 mortes, 4.500 desalojados e mais de 170.000 afetados); 2. Região Metropolitana (em 2010, 245 mortos). 3. Região Serrana do Rio de Janeiro (em 2011, 947 mortes, mais de 300 desaparecidos e 50 mil desabrigados). 4. Em Abril de 2012, novamente na Região Serrana (5 mortes). O impacto financeiro desses desastres é bem significativo. Segundo o Banco Mundial (2012), o evento da Região Serrana em 2011 gerou um impacto de 4,8 bilhões, o que significa que os governos deixaram de arrecadar  1,67 bilhão em impostos. Mais recentemente, em fevereiro de 2022, um novo evento catastrófico atingiu o município de Petrópolis causando mais de 240 mortes. Os processos perigosos que atuaram nesse evento, deslizamentos e inundações, foram exatamente os mesmo que ocorreram em 2011. Nada de novo do ponto de vista da análise do desastre, apenas novas vítimas. O objetivo geral desse projeto é produzir uma base de conhecimentos técnico-científicos para que a sociedade brasileira possa se fortalecer e preparar-se para os desastres naturais que repetidamente ocorrem no Brasil, através da diminuição de suas vulnerabilidades e do aumento de sua resiliência.

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